26/09/2025 07h04
Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, participou nesta quinta-feira (25), no Rio de Janeiro, da cerimônia de assinatura do termo de autocomposição que formaliza a repactuação do contrato de concessão do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antônio Carlos Jobim.
Durante o evento, o ministro afirmou que o Galeão é um ativo do povo brasileiro e parte da história do Rio e do país. Ele lembrou que, desde 2023, houve uma construção coletiva com a prefeitura, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a concessionária para viabilizar a reestruturação do aeroporto.
“Hoje celebramos a retomada de um planejamento estratégico que consolida o Galeão como hub internacional da América do Sul. Saímos de pouco menos de 5 milhões de passageiros em 2023 para mais de 18 milhões neste ano, e a projeção é alcançar 30 milhões nos próximos três anos. Essa reestruturação fortalece o turismo, a logística e a geração de emprego e renda, reafirmando o papel do Galeão como um ativo estratégico para o Brasil”, destacou.
O acordo prevê leilão de venda assistida da concessionária, em março de 2026, com lance mínimo de R$ 932 milhões e contribuição variável de 20% sobre o faturamento bruto até 2039. Também inclui a saída da Infraero, que detém 49% das ações, até março de 2026; a exclusão da obrigação de construção de uma terceira pista; e a criação de mecanismo de compensação em caso de restrições no Santos Dumont.
Para o presidente da concessionária Riogaleão, Alexandre Monteiro, o contrato é resultado de um esforço técnico e transparente. “Ele alinha o Galeão aos modelos mais modernos de concessão no país, garante a continuidade da gestão e reforça o papel do aeroporto como porta de entrada internacional do Brasil e motor da economia carioca”, disse.
Na avaliação do secretário-executivo do Ministério de Portos e Aeroportos, Tomé Franca, o acordo reforça a segurança jurídica para investidores. “É uma sinalização clara de que o Brasil é um lugar seguro para investir, gerar empregos e impulsionar o desenvolvimento econômico e social”, apontou.
O diretor-presidente substituto da Anac, Rui Chagas Mesquita, destacou que o processo foi construído ao longo de quase três anos. “É uma modelagem excepcional, adaptada ao caso concreto, que reafirma o compromisso com eficiência, sustentabilidade financeira e interesse público”, afirmou.
Presente na cerimônia, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ressaltou a importância da decisão política que garantiu a continuidade do terminal. “O Galeão representa muito mais do que um aeroporto: é a principal porta de entrada do Rio e motor da economia fluminense”, afirmou.
Os indicadores recentes confirmam o avanço nas operações aéreas do terminal. Entre janeiro e agosto de 2025, o Galeão movimentou 66,8 mil toneladas de cargas, alta de 54% em relação ao mesmo período de 2023, consolidando o terminal como o quarto do país em volume de carga aérea.
O crescimento também foi observado na movimentação de passageiros. De janeiro a agosto deste ano, mais de 11,2 milhões de viajantes passaram pelo terminal fluminense, alta de quase 25% na comparação com igual período do ano passado.
Visita técnica
Durante visita ao Rio de Janeiro, Costa Filho também esteve presente no aeroporto Santos Dumont, onde realizou uma visita técnica ao terminal para avaliar as condições operacionais das obras que estão sendo realizadas. Na oportunidade, o ministro reforçou a importância da integração entre os dois aeroportos para o fortalecimento da aviação civil brasileira, sobretudo para o avanço do turismo no país.
Mudanças
Entre as mudanças previstas no contrato, está a forma de pagamento pela concessão. A outorga a ser paga anualmente pela concessionária, em vez de ser fixa, será 20% do faturamento bruto do aeroporto. Antes, estava fixada em cerca de R$ 1 bilhão.
Quando a concessão original foi iniciada, em 2014, o prazo de exploração do aeroporto pela iniciativa privada foi de 25 anos, indo até 2039. A data está mantida, mas o ministro Costa Filho sinalizou que a pasta estuda uma extensão. Houve também ajuste dos critérios para evitar a obrigação de construção da terceira pista, considerando a atual demanda aeroportuária.
A repactuação prevê ainda uma venda assistida. O processo é como um novo leilão, no qual outras empresas podem se candidatar. No entanto, ele é feito de forma direta, ou seja, sem ter que reestatizar o aeroporto para concedê-lo novamente.
A venda assistida do Galeão está marcada para março de 2026 e está estipulado um lance mínimo de R$ 932 milhões para obter o direito de explorar o aeroporto. Além disso, está acertado que a Infraero venderá a toda a participação (49% do aeroporto) para o grupo vencedor.
De acordo com o ministro Costa Filho, o valor das ações da Infraero deve corresponder a cerca de 40% a 50% do lance mínimo.
A Anac abriu uma consulta pública para coletar sugestões para a elaboração do edital da venda assistida. Contribuições da sociedade podem ser feitas até o dia 5 de novembro.
“Não faltam interessados, porque o Galeão passou, a partir de agora, a ser um ativo valorizado. É uma estrutura que está pronta, depois desse reequilíbrio que foi feito, para buscar agentes econômicos que queiram investir nesse ativo. Tudo indica que a própria Vinci e a Changi querem continuar e, naturalmente, vão ter o seu direito democrático de poder participar”, avaliou.
No último dia 27, a Riogaleão informou que a gestor de investimentos Vinci Compass comprou 70% das ações que pertenciam à Changi.
Consenso
O secretário-executivo do ministério, Tomé Franca, considera que o acordo reforça a segurança jurídica para investidores. “É uma sinalização clara de que o Brasil é um lugar seguro para investir, gerar empregos e impulsionar o desenvolvimento econômico e social”.
De acordo com o diretor da Anac Rui Chagas Mesquita, a repactuação encontrou uma saída “para a grave crise que essa concessão enfrentou ao longo dos últimos anos” e buscou “uma solução mais vantajosa ao interesse público”.
O presidente da concessionária Riogaleão, Alexandre Monteiro, considera que a repactuação reflete a necessidade da adequação do contrato aos parâmetros mais modernos de concessão no Brasil.
“Reconhecimento de que a continuidade da gestão da concessionária à frente do aeroporto traz resultados positivos aos usuários finais deste fantástico equipamento de infraestrutura do Rio de Janeiro e do Brasil, os passageiros e os importadores e exportadores de carga”, disse.
Galeão X Santos Dumont
A retomada do protagonismo do Galeão aconteceu em um momento em que o governo federal foi provocado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, para limitar o número de voos no aeroporto Santos Dumont, no Centro da cidade.
A preocupação de Paes era que a maior movimentação no Santos Dumont, mais próximo de áreas turísticas cariocas, causasse esvaziamento do Galeão. À época, uma decisão do então ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, limitou o número de voos.
Com a repactuação no Galeão, há uma liberação gradual do número máximo de passageiros no Santos Dumont. Atualmente, o teto é de 6,5 milhões de passageiros anuais.
Segundo o ministro Costa Filho, o crescimento da economia permitirá o crescimento do número de viajantes nos dois aeroportos, sem canibalização.
“A partir de março, a gente tem a possibilidade de ir ampliando gradativamente, mas a gente só vai fazer essa discussão no próximo ano, porque a gente tem um plano de investimento que está sendo feito no Santos Dumont”.
O prefeito Eduardo Paes destacou a vontade política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a retomada de passageiros no Galeão. “Deu tapa na mesa”, brincou Paes, em referência à decisão do presidente, que passou por cima de interesses que evitavam a migração de passageiros entre os aeroportos.
“O presidente Lula é o grande responsável por esse momento aqui, foi ele quem, mais uma vez, demonstrou o seu carinho com o Rio de Janeiro”.
Fonte: Agência Brasil