30/05/2025 08h50
Foto: BYD - Divulgação
Um estudo realizado pela consultoria Aurora Energy Research aponta que veículos elétricos, data centers e a produção de hidrogênio por eletrólise devem representar até 16% do consumo total de energia elétrica no Brasil até 2060. Atualmente, esses três segmentos respondem por apenas 2% da demanda, mas a tendência é de crescimento expressivo nas próximas décadas.
A análise destaca uma mudança estrutural na matriz de demanda do país. Antes impulsionada principalmente pelos setores industrial e residencial, a demanda energética brasileira passará a ser cada vez mais influenciada por tecnologias emergentes. O crescimento do consumo será puxado especialmente pela mobilidade elétrica, pela digitalização de serviços — com a construção de novos data centers — e pela produção de hidrogênio verde.
No caso específico dos veículos elétricos, o estudo projeta que eles poderão representar cerca de 3% da demanda total de eletricidade se atingirem 20% de participação na frota brasileira em 2060. O impacto sobre o Sistema Interligado Nacional (SIN), no entanto, dependerá diretamente da forma como os carregamentos forem realizados — por exemplo, se as recargas forem feitas de forma distribuída e em horários de menor demanda, os efeitos poderão ser atenuados.
Já os data centers devem alcançar 4% do consumo total de energia até 2060, com um perfil de carga inflexível devido à necessidade de operação contínua. A Aurora estima que a capacidade instalada de data centers no Brasil chegue a 4,75 GW até 2035. No entanto, há cerca de 15 GW já solicitados em pedidos de conexão.
Quanto ao hidrogênio verde, a consultoria calcula que os eletrolisadores podem representar até 8% da demanda elétrica, impulsionados tanto por um mercado interno em crescimento quanto por oportunidades de exportação, especialmente para a Europa. Apesar do potencial, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) rejeitou, em 2025, os primeiros grandes projetos de data centers e de produção de hidrogênio, alegando risco de sobrecarga no SIN.
O Ministério de Minas e Energia estima que será possível disponibilizar até 3 GW adicionais de capacidade de conexão até 2032. A Aurora modelou dois cenários: um de crescimento acelerado, que exigiria 36 GW adicionais em renováveis e 14 GW em térmicas; e outro com maior flexibilidade, especialmente no consumo de veículos elétricos e eletrolisadores, o que permitiria maior aproveitamento da energia solar e redução de desperdícios (curtailment) em até 55% até 2060.