13/10/2025 08h24
Foto: Fundação Baia Viva - Divulgação
A comunidade de Bom Jesus dos Passos, na Baía de Todos-os-Santos, celebra um marco importante para o desenvolvimento local: a inauguração da primeira Usina de Beneficiamento de Pescado da ilha de Salvador. O empreendimento é fruto de uma parceria internacional entre a ONG italiana Associação Voluntária Amici di Sardegna ETS e a Fundação Baía Viva, com apoio da Colônia de Pescadores Z3. O projeto, chamado “Apoio ao saber-fazer das mulheres”, tem como foco central fortalecer o papel das marisqueiras e melhorar a cadeia produtiva da pesca artesanal.
A inauguração está prevista para a próxima quinta-feira (16) e contará com a presença de uma delegação da Sardenha, que chegará a Salvador para acompanhar a abertura do equipamento e compartilhar práticas de beneficiamento e gestão de produtos pesqueiros. A iniciativa reforça a cooperação internacional e destaca a valorização das tradições marítimas locais, ao mesmo tempo em que introduz tecnologias que aumentam a competitividade e a qualidade dos produtos da pesca.
“Essa usina não vai trazer beneficiamento só para os pescados. Vai trazer benefício para as pessoas, as marisqueiras, os pescadores, para toda a comunidade”, celebra Antônio Jorge Teixeira, presidente da Colônia de Pescadores Z3.
Estrutura e funcionamento da usina
Com 100 m², a Usina de Beneficiamento de Pescado possui bancadas e pias para higienização, caixas coletoras, depurador, fogão e freezers. O processo de beneficiamento contempla todas as etapas, desde a retirada do mar até a comercialização, incluindo lavagem, limpeza, cozimento, catação e congelamento. O objetivo é agregar valor aos mariscos e peixes de menor valor comercial, transformando-os em produtos com maior qualidade e potencial de mercado.
A unidade também oferece infraestrutura adequada para o trabalho das marisqueiras, com recepção, banheiros e equipamentos que garantem ergonomia e melhores condições de trabalho. O projeto busca superar desafios históricos da pesca artesanal na Bahia, setor que, apesar de contar com uma das maiores extensões costeiras do país, ainda sofre com subvalorização, falta de tecnologia e políticas públicas insuficientes.
Capacitação e desenvolvimento de habilidades
Antes da inauguração, a primeira fase do projeto incluiu 200 horas de capacitação técnica para 30 marisqueiras locais, conduzidas por educadores brasileiros e italianos. O objetivo foi preparar as mulheres para manusear e processar o pescado com segurança e qualidade, aumentando as oportunidades de renda.
“Na semana que vem, elas já terão aulas práticas de beneficiamento para aprender a fazer outros produtos a partir do marisco, como linguiça, hambúrguer, patês. Começamos com 30 mulheres mas as atividades serão abertas para toda comunidade”, conclui Adriana Alencar, diretora da Fundação Baía Viva.
Com a usina pronta, as atividades práticas passam a fazer parte do dia a dia das marisqueiras. Elas terão a oportunidade de transformar frutos do mar em produtos de maior valor agregado, como linguiças, hambúrgueres e patês. A expectativa é que essas ações se expandam gradualmente para toda a comunidade, beneficiando não apenas mulheres, mas também pescadores e demais envolvidos na cadeia produtiva local.
Impacto econômico e social
O equipamento permitirá melhores condições de armazenamento, processamento e comercialização, agregando valor aos produtos pesqueiros e fortalecendo a economia da região. Além disso, a presença da delegação italiana evidencia a importância de trocas de conhecimento e boas práticas internacionais, que podem contribuir para tornar a pesca artesanal mais sustentável e competitiva.
A iniciativa também reforça a visibilidade do trabalho secular das comunidades marítimas da Baía de Todos os Santos, demonstrando que a união entre tradição e investimento tecnológico pode gerar benefícios concretos para a população.
Agenda de cooperação internacional
Antes da inauguração, a delegação italiana participará de atividades na Associação Comercial da Bahia (ACB), discutindo sustentabilidade, valorização da pesca artesanal e estratégias para ampliar o mercado de produtos locais.
“Este é um passo importante para dar visibilidade e sustentabilidade ao trabalho secular das comunidades marítimas da Baía de Todos os Santos. A união entre tradição e investimento é o que fará com que os produtos da pesca ganhem visibilidade, valor e mercado”, pontuou Isabela Suarez, presidente da ACB.
Fonte: Muita Informação