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À medida em que as populações de grandes baleias vão se recuperando do impacto da caça comercial indiscriminada, que levou várias espécies à beira da extinção (inclusive a baleia-jubarte, que frequenta as águas do Espírito Santo no inverno e primavera), elas vão reocupando suas antigas áreas de distribuição e aí se deparam com novos desafios para sobreviver, na forma de diversas atividades humanas. Dentre estas, a colisão com grandes navios tem se revelado um sério problema ao redor do mundo, com alguns especialistas estimando a mortandade de baleias atropeladas em milhares de animais por ano.

Visando reduzir os riscos para as baleias, o Instituto Baleia Jubarte e a Great Whale Conservancy, instituição internacional especializada em soluções para esse problema, firmaram uma parceria que está oferecendo à gestão dos portos do Brasil programas voluntários de redução dos riscos de colisão, baseados no conhecimento sobre as baleias e sua distribuição e nas operações navais e portuárias de cada região.

O primeiro porto a adotar voluntariamente essas recomendações foi o Terminal Almirante Barroso, da Transpetro, em São Sebastião (SP), com pleno sucesso, e agora a Vports, responsável pelo Porto de Vitória (ES), também incorporou ao seu ultra moderno sistema de gestão portuária o cuidado com as baleias capixabas, adotando as recomendações do Instituto Baleia Jubarte e da GWC.

Segundo o coordenador Operacional Regional do Instituto Baleia Jubarte para o ES, Paulo Rodrigues, aliar os dados científicos da ocorrência e comportamento das baleias à análise do tráfego dos navios na costa capixaba, com a expertise da Great Whale Conservancy e receptividade da Vports, permitiu estabelecer recomendações de velocidade limite, rota de deslocamento prioritário, e período de entrada e saída do porto, para evitar o atropelamento desses animais, evitando tanto danos às embarcações como às baleias.

O diretor da Great Whale Conservancy, Michael Fishbach, ressaltou que as regiões de alta concentração de baleias, como suas áreas reprodutivas costeiras, oferecem um maior risco de colisão com embarcações, e muitas vezes essas áreas se sobrepõem a rotas de navegação regulares e à localização de estruturas portuárias de grande valor econômico. Faz-se necessário, portanto, buscar a harmonização de procedimentos para reduzir ao máximo o risco de incidentes, o que só pode ser obtido com a cooperação e o envolvimento das empresas e autoridades portuárias pertinentes.

O coordenador de Meio Ambiente da Vports, Alan Ribeiro afirmou que o porto, em conjunto com o Instituto Baleia Jubarte e seu parceiro internacional Great Whale Conservancy, uniram forças para trazer ao Brasil o conceito de "Whale Safe Ports", ou como denominado no Brasil, Portos Amigos das Baleias, em que medidas de prevenção de colisões, que levem em conta não apenas a proteção das baleias, mas na mesma medida a segurança da navegação, possam ser adotadas de forma totalmente voluntária pelos atores interessados.